“Este é um claro chamamento à solidariedade internacional com os países afetados que não têm capacidade para enfrentar um surto deste tamanho e desta complexidade”, disse Margaret Chan.
A OMS disse estar preparada para que o surto permaneça em alto nível pelos próximos meses, e afirmou que é provável que a situação piore antes de melhorar.
Após este anúncio, a União Europeia classificou de risco muito fraco a propagação do ebola no continente europeu e ressaltou que no caso é pouco provável que o vírus alcance o continente europeu, e estão preparados para enfrentá-lo.
Já o departamento de Estado americano recomendou na quinta-feira que os americanos adiem qualquer viagem não essencial à Libéria devido ao ebola.
Recomendações da OMS
O comitê ressalta que os chefes de Estado dos países afetados têm que decretar estado de emergência e "se dirigir pessoalmente ao país para fornecer informação sobre a situação".
Keiji Fukuda, vice-diretor-geral da OMS encarregado da epidemia, explicou que as pessoas atingidas precisam ficar 30 dias em quarentena porque o tempo de incubação do vírus é de 21 dias.
As pessoas que estão em contato com os doentes, com exceção das equipes médicas, que têm uma roupa de proteção, não devem viajar, indicou Fukuda, pedindo também que a tripulação dos voos comerciais receba informação e material médico para se proteger e proteger os passageiros.
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Keiji Fukuda |
O comitê da OMS também recomenda que todos os viajantes procedentes dos países afetados façam um check-up, respondendo a um questionário e medindo a temperatura nos aeroportos, portos e nos principais postos fronteiriços.
Uganda isolou nesta sexta no aeroporto de Entebbe um passageiro, que apresentava os sintomas do ebola, à espera dos resultados, mas finalmente eles deram negativo.
Dois países em estado de emergência, Libéria e Serra Leoa, colocaram em quarentena três cidades na zona contaminada.
A Europa recebeu na quinta-feira um primeiro doente com ebola repatriado, um missionário espanhol contaminado na Libéria, dias depois da repatriação aos Estados Unidos de dois pacientes americanos.
Nos Estados Unidos, onde seu alerta de saúde encontra-se em nível máximo, a agência de medicamentos (FDA) levantou parcialmente as restrições sobre um tratamento experimental contra o ebola da empresa canadense Tekmira.
O vírus ebola é transmitido por contato direto com sangue, líquidos biológicos ou a pele de pessoas ou animais infectados e provoca uma febre caracterizada por hemorragias, vômitos e diarreia. Seu índice de mortalidade varia entre 25% e 90%.
Nigéria declara emergência
Após o anúncio da OMS, o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, declarou nesta sexta (8) que o país entra em estado de emergência para combater o surto de ebola no país mais populoso da África. Jonathan aprovou um fundo de emergência de 1.9 bilhão de Naira (US$ 11.6 milhões) para conter a epidemia.
A Nigéria confirmou sete casos de ebola desde que um homem doente chegou da Libéria. Dois deles morreram. Diversas dezenas de pessoas que entraram em contato com o homem estão sob vigilância.
Riscos para o Brasil
Na quinta-feira, o governo brasileiro reforçou recomendações às equipes de saúde encarregadas de atender passageiros que apresentaram durante a viagem ao Brasil problemas como febre, diarreias ou hemorragias. A medida, na avaliação do Ministério da Saúde, é suficiente para identificar de forma rápida casos de uma eventual contaminação por ebola em viajantes. Normas mais drásticas, como a suspensão de voos, não estão sendo analisadas.
A possibilidade da chegada do ebola ao Brasil é considerada baixa pelo Ministério da Saúde. O infectologista Esper Kallás, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, faz o mesmo diagnóstico. Um dos motivos, segundo o médico, é que a gravidade dos sintomas dificulta a locomoção de doentes e o contato com muitas pessoas. "Os sinais da doença são perceptíveis e o paciente fica extremamente debilitado", diz Kallás. A enfermidade começa a se manifestar com febre, fraqueza e dores musculares, de cabeça e de garganta. Em seguida, vêm vômitos, diarreias, feridas na pele, problemas hepáticos e hemorragia interna e externa.
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Infectologista Esper Kallás |
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/08/oms-declara-epidemia-de-ebola-emergencia-sanitaria-internacional.html