Refugiada yazidi é fotografada em Dohuk; dezenas de mulheres estão sendo escravizadas por jihadistasFoto: Youssef Boudlal / Reuters |
Dezenas de mulheres Yazidis capturadas no Iraque pelos Jihadistas
do Estado Islâmico (EI) foram obrigadas a se converter ao Islã e vendidas para
ser casadas à força na Síria com combatentes deste grupo Jihadista, informou
uma ONG.
Por sua vez, em um artigo publicado no New York Times, o
secretário americano de Estado, John Kerry, defendeu a formação de uma coalizão
mundial para lutar contra o EI.
O EI, que semeia o terror nos territórios que controla no
Iraque e na Síria, "dividiu entre seus combatentes 300 meninas e mulheres
da comunidade Yazidi que haviam sido sequestradas no Iraque nas últimas
semanas", informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
"Entre estas 300 mulheres, ao menos 27 foram vendidas e
casadas" com membros do EI nas províncias setentrionais de Aleppo e Raqa e
na de Hasaka (nordeste), informa a ONG, que conta com uma rede de fontes civis,
militares e médicas na Síria.
"Cada mulher foi vendida por 1.000 dólares, depois de
ter sido convertida ao Islã", disse.
Os Yazidis são uma comunidade de língua curda não muçulmana.
O OSDH não sabe se as demais mulheres foram vendidas e
forçadas a se casar, mas garante que são consideradas prisioneiras de guerra.
Declarou que há três semanas dignitários árabes e curdos da
província de Hasaka tentaram libertar estas mulheres oferecendo dinheiro aos Jihadistas
com a alegação de que queriam se casar com elas, mas o grupo extremista
rejeitou sua oferta.
No dia 12 de agosto, o relator especial da ONU sobre a
liberdade de religião e de crenças, Heiner Beilefeldt, disse que se tinha
notícia de execuções e sequestros de centenas de mulheres e crianças pelo EI, e
de casos de mulheres vendidas a combatentes deste grupo ultrarradical.
O EI segue uma versão do Islã denunciada pela maioria das
correntes islamitas. Tanto na Síria quanto no Iraque multiplica as
decapitações, os apedrejamentos ou inclusive as crucificações contra os que
considera seus inimigos.
A partir de Istambul, um funcionário provincial informou
neste sábado que o número de Yazidis refugiados na Turquia devido ao avanço dos
Jihadistas era de 16 mil e pode aumentar ainda mais.
Repercussão
internacional
Em uma coluna no New York Times, Kerry pediu uma
"resposta unitária liderada pelos Estados Unidos e pela coalizão de nações
mais ampla possível" contra o EI, responsável pela decapitação do
jornalista americano James Foley, entre outras.
Kerry declarou que tentará junto com o secretário de Defesa,
Chuck Hagel, formar esta coalizão coincidindo com a cúpula da Otan prevista
para os dias 4 e 5 de setembro. Posteriormente ambos viajarão ao Oriente Médio.
"Não permitiremos que o câncer do EI se estenda a
outros países. O mundo pode enfrentar esta praga e no fim vencê-la",
disse, afirmando que o EI tem objetivos genocidas.
O presidente americano, Barack Obama, admitiu nesta semana
que seu país, que bombardeia os Jihadistas no norte do Iraque, ainda não tem
uma estratégia para lutar contra eles na Síria.
Mas Kerry afirmou que Obama apresentará um plano durante uma
reunião do Conselho de Segurança da ONU, cujo país assume a presidência em
setembro.
O rei saudita, Abdullah, advertiu durante uma cúpula
regional que, se as grandes potências agirem com negligência, os Jihadistas
"chegarão à Europa em um mês e no mês seguinte aos Estados Unidos".
Em terra, na Síria capacetes azuis filipinos enfrentaram
neste sábado rebeldes sírios que os cercavam desde quinta-feira nas Colinas de
Golã, fronteiriças com Israel, anunciou o governo filipino.
Um total de 72 capacetes azuis filipinos estavam bloqueados
em duas posições por rebeldes, que exigiam que entregassem as armas. Foi
possível tirar um dos dois grupos, mas o segundo "é atualmente alvo de um
ataque", declarou o ministro filipino da Defesa, Voltaire Gazmin.
Em quase três anos e meio, a violência na Síria deixou 191
mil mortos, segundo a ONU, e fez com que mais da metade dos habitantes
abandonassem suas casas.
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