segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Acidentes com animais peçonhentos crescem 157%




O desequilíbrio ecológico é uma das causas para esse aumento. O Ministério da Saúde alerta sobre os cuidados que a população deve adotar

Entre os meses de novembro a março, aumentam os acidentes provocados por animais peçonhentos, tanto na zona rural, como na urbana. Levantamento realizado pela Unidade Técnica de Vigilância de Zoonoses do Ministério da Saúde indica que houve um crescimento de 157% no número de notificações, nos últimos 10 anos. Somente em 2011, ocorreram mais de 139 mil acidentes, com 293 óbitos.

Os especialistas apontam inúmeras causas para esse aumento, entre eles o desequilíbrio ecológico, as chuvas que desalojam os animais entocados, e ainda coincide com o período reprodutivo de alguns desses animais. O coordenador da Unidade Técnica de Vigilância em Zoonoses do Ministério da Saúde, Eduardo Caldas, relaciona quais fatores que contribuem para o aumento dos acidentes. “As chuvas desalojam os animais que vivem em tocas, como escorpiões, aranhas e serpentes. Eles acabam procurando abrigo em locais mais secos, muitas vezes, dentro de residências, aumentando, dessa forma, a chance de ocorrência de acidentes”, explicou. 

O coordenador lembrou ainda que nesse período também aumentam as atividades nas lavouras, locais propícios para os acidentes com cobras. Ele citou outros cenários que corroboram para este aumento: “No verão, as pessoas aproveitam suas férias em atividades ao ar livre, como passeios em cachoeiras e trilhas, aumentando assim, o risco de contato com serpentes e outros animais peçonhentos”, enumerou Caldas.

Os acidentes, dependendo dos animais, são mais frequentes nas cidades do que no campo. A região Nordeste é campeã no número de acidentes com escorpiões, com 30.282 e a Bahia o estado com maior registro de acidentes 10.461. Em seguida vem o Sudeste com 22.579, em 2011, sendo Minas Gerais o estado com maior número de casos: 13.428. A região Sul registra o maior número de acidentes com aranhas do país: 18.052 casos em 2011; o estado do Paraná registrou 9.326 casos. As regiões Norte e Nordeste têm o maior registro de acidentes envolvendo serpentes: 9.329 e 8.184 casos, respectivamente.

CUIDADOS - O Ministério da Saúde alerta para os cuidados que as pessoas devem ter, além das medidas básicas de prevenção.  Em caso de acidentes, a pessoa deve ser encaminhada o mais rápido possível para o hospital. Durante o socorro, ela deve se mover o mínimo possível. O membro atingido deve ser colocado numa posição mais elevada em relação ao corpo e o local da picada pode ser lavado apenas com água e sabão. 

Em casos de acidentes por águas-vivas e caravelas, deve ser aplicada compressa de água gelada do mar (não utilizar água doce), e evitar esfregar a área acometida, ou aplicação de vinagre. Nunca colocar outras substâncias como urina, cachaça, borra de café, em nenhum tipo de acidente por animal peçonhento, pois pode ocasionar um quadro de infecção. O tratamento é oferecido gratuitamente em hospitais do SUS de todos os estados.

PREVENÇÃO – Para evitar acidentes com escorpiões e aranhas, a pessoa deve usar calçados e luvas nas atividades rurais e de jardinagem; examinar calçados e roupas pessoais, de cama e banho, antes de usá-las; vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos, forros e rodapés; utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em portas, janelas e ralos; preservar predadores naturais como seriemas, corujas, sapos, lagartixas e galinhas; limpar terrenos baldios pelo menos na faixa de um a dois metros junto ao muro ou cercas.

Acidentes por serpentes - Não andar descalço, utilizando sempre sapados fechadas associados a perneiras (ou botas de cano longo), e luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem; nunca colocar as mãos em tocas ou buracos na terra, ocos de árvores, cupinzeiros, entre espaços situados em montes de lenha ou entre pedras. Controlar o número de roedores existentes na área para evitar a aproximação de serpentes venenosas que deles se alimentam. No amanhecer e no entardecer, evitar a aproximação da vegetação muito próxima ao chão, gramados ou até mesmo jardins, pois é nesse momento que as serpentes estão em maior atividade.

Acidentes com Lonomia (lagartas): Ao realizar atividades de jardinagem ou qualquer outra atividade em ambientes silvestres, observar bem o local - troncos, folhas, gravetos - antes de manuseá-los, fazendo sempre o uso de luvas para evitar o acidente.

Acidentes com abelhas: Abelhas e marimbondos são atraídos por sons, odores e cores, como sons de motores de aparelhos de jardinagem e som de motores de popa. No campo, o trabalhador deve atentar para a presença de abelhas, principalmente no momento de arar a terra com tratores. As retiradas de colmeias devem ser feitas, preferencialmente, à noite ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos, com roupa protetora e, principalmente, por profissional competente.


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